Sobre o Blog

Passei os últimos 18 anos atendendo clinicamente e supervisionando casos clínicos sobretudo de mulheres que se queixavam de relacionamentos amorosos insatisfatórios, que se revelavam insustentáveis e difíceis de manejar, mas também de romper. Relacionamentos difíceis de manter e prosseguir, permeados por acontecimentos inesperados e/ou traumáticos. Para além dos relacionamentos, acompanhei muitas mulheres que vivenciavam lutos extremamente dolorosos e complexos por conta de desfechos amorosos. Fui percebendo o quanto estas experiências produzem impacto psíquico e reverberam num profundo mal-estar que afeta as demais áreas da vida.

Nos últimos anos também coordenei projetos de extensão universitária com foco em mulheres e constatei que há muito o que podemos falar, fazer e construir juntas. Espaços simbólicos podem ofertar uma valiosa experiência e abrir um trilhamento para a mudança necessária. Há muitas vozes silenciadas e reflexões clamando por serem ouvidas (ainda que conscientemente talvez não se saiba disso). Minhas experiências foram me conduzindo a valorizar ainda mais alguns temas que as gerações anteriores de mulheres não discutiam e que no entanto, são potencializadores de autonomia e independência, psíquica e financeira.

A escuta clínica caminha com a responsabilidade técnica de lidar com o tempo de cada narrativa, com os desdobramentos de cada caso e com a responsabilidade subjetiva de cada pessoa. Mas acredito que as rodas de conversas e leituras coletivas podem facilitar o processo subjetivo e contribuir com um investimento de energia mais voltado para o amor próprio.

Assim, a proposta deste espaço é construir laços, discutir leituras, filmes e séries que possam despertar insights e contribuir com o desenvolvimento emocional, social e cultural, ampliando nossos repertórios. As propostas oferecidas envolvem atendimentos individuais, rodas de conversas, cirandas de leituras e apresentação de reflexões em torno da temática relacionamentos, sejam estes sublimes ou tóxicos. Os amores, podem funcionar como remédio ou como veneno, depende da dosagem e do contexto em que se apresentam. Podem ser satisfatórios ou sofridos, em suas existências ou em seus desfechos. No entanto, é um ponto de conexão entre os humanos, o que nos complexifica e nos humaniza, concomitantemente.

Quanto ao relacionamento com o outro, há sempre a complexidade da relação, mas conosco e em âmbito do amor próprio há imensa possibilidade de transformação. Ajustando nossas fronteiras e revendo nossas expectativas e energias investidas pode ser um interessante começo.